25 de jun. de 2012

BFF


Best Friends Forever

Na escola em que estudei, havia um coral, igual ao de Glee. Mas diferentemente do seriado, o coral da minha escola era muito popular. Todo mundo queria participar.
Só podia entrar nele quem estivesse na décima série do High School. Minha BFF Becky e eu ainda estávamos na nona e não podíamos nem fazer os testes.
Becky parecia muito com a Rachel Berry, de Glee. A única judia na nossa comunidade supercristã, ela queria ser uma estrela da Brodway e tinha um plano: nós íamos participar das audições para o musical da escola.
Becky sabia que, por estarmos na nona série, não conseguiríamos pegar papéis com fala. E o diretor do coral também dirigia o musical. Se você não fosse do coral, duas chances de ganhar o papel principal eram zero.
Então você pode imaginar nossa surpresa quando olhamos a lista dos aprovados e vimos que uma de nós tinha conseguido um papel no musical, ainda que não participássemos do coral.
Se eu tivesse que escolher com quem de Glee eu parecia no colégio, seria a Brittany, aquela meio boba. Ainda que eu não fosse loira, cheerleader e não soubesse dançar.
Sempre fiz exatamente o que minha melhor amiga me pedia pra fazer, o que era perfeito para o papel que havia no musical: a garota tonta que fazia tudo que pediam pra ela.
Fui a única estudante da nona série a conseguir um papel. Eu não tinha que cantar, o que foi a única razão que impediu Becky de parar de falar comigo. Becky sempre cantava os solos desde que entramos na escola. Por isso, Becky era “a diva”.
Mas, de repente, era eu quem estava no musical. Bem, Becky, a vida, estava tão brava que não conseguia nem conversar sobre o assunto.
Principalmente porque haveria garotos nos ensaios. Incluindo o cara mais bonito, fofo e legal da escola inteira. Ele parecia com o Puck, mas tinha o jeito do Finn, os dois personagens de Glee. O nome dele era Karim e ele era lindo! Pelo menos, era o que estava escrito em todos os banheiros femininos da cidade.
Eu não podia contar para Becky o que estava rolando nos ensaios. Tipo que eu tinha uma paixão sem esperança por Karim e que ele tinha uma namorada. Eu não a achava legal porque ela tinha me contado que ela mesma escrevia “Karim é lindo” em todas as paredes dos banheiros. Mas eu só era uma garota da nona série. Não havia a menor chance de Karim gostar de mim.
Então, quando ele terminou com a namorada e me escreveu uma carta de amor, não pude pedir conselhos para a Becky. Eu apenas escrevi para ele: “Quero ser sua amiga também!” Karim teve que me levar para tomar sorvete umas cinco vezes e dizer na minha cara que me amava antes de eu, finalmente, entender que ele queria ser mais do que um amigo.
No outro ano, Becky e eu fizemos o teste para o coral. E ela conquistou o lugar principal, lá na frente, e eu fiquei na última fila, onde ninguém podia me ver errar as coreografias.
Eu estava tão feliz pela Becky. Ela era realmente uma diva e merecia todos os solos que cantou.
Mas eu odiava o coral. Algumas meninas, incluindo a ex do Karim, começaram a escrever coisas ruins sobre mim na parede dos banheiros. Eu não sabia que, às vezes, garotas que tem namorados “lindos” são chamadas de “vagabundas”.
Becky ficou brava. Brava por eu não ter contado para ela antes e dado a chance de ela me ajudar.
“Isso é diferente do teste para o musical”, ela disse, com aquele brilho de diva no olhar. “Pode deixar que eu vou resolver”.
Não sei o que Becky falou para as garotas, mas os xingamentos nas paredes pararam.
No final, Becky decidiu que não seria mais uma estrela da Brodway. Ela escolheu uma carreira diferente. Hoje, ela trabalha numa organização internacional que combate o desrespeito aos direitos das mulheres. Seu cargo é diretora de redução da violência. Mas ela ainda é, em cada parte de sua personalidade, uma diva.

Meg Cabot

Ela é uma grande escritora e resolvi trazer um de seus textos hoje. Espero que tenham gostado. Beijo.
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